HIPERTENSÃO ARTERIAL

 

 

Em cada cinco pessoas, uma é hipertensa (20% da população)

Isto significa que entre cinco pessoas do seu conhecimento, incluindo você, uma deve ser hipertensa. A hipertensão é definida pela alteração constante da pressão arterial acima de 14 por 9 ou 140 x 90 milímetros de mercúrio. Mas atenção, só é considerada pressão alta quando ela permanece elevada consistentemente.

 

Porque verificar a pressão de tempos em tempos?

Pelo mesmo motivo que você lava os dentes todos os dias. A cárie, como a pressão alta, não é percebida no seu início, no entanto com o tempo o buraco aparece, a dor incomoda, podendo até mesmo ocorrer a perda do dente. Com a hipertensão arterial as consequências são mais graves, pode evoluir durante anos sem ser percebida, até que as suas complicações como o derrame cerebral, a insuficiência renal, o enfarte do miocárdio, o aumento do tamanho do coração ou alterações visuais (retina) aparecem.

A maior parte das pessoas hipertensas desconhecem o seu diagnóstico, uma vez que nada sentem. O exame médico periódico, com a medida da pressão arterial, deve ser realizado em pessoas de qualquer idade, pois é através dele que a pressão alta pode ser percebida no seu início.

 

O que é pressão arterial normal?

A circulação do sangue pelos vasos permite aos tecidos do corpo receber oxigénio, água e nutrientes, além de retirar as substâncias já utilizadas pelas células e transportar outros elementos importantes para o funcionamento normal do nosso organismo.

A pressão arterial é a força que faz com que o sangue circule pelas artérias e chegue a todos os tecidos. Essa força é o resultado da acção do coração (papel de bomba), e da resistência que as artérias colocam contra a passagem do sangue. Imagine uma mangueira de água. Se a borracha for grossa e dura, o espaço por onde passa a água é mais estreito e a água sai com mais força ou maior pressão.

Se, por outro lado, a parede da mangueira é mais fina e elástica, ela cede com a passagem da água, que acaba perdendo pressão. Você pode sentir facilmente isto colocando o dedo próximo da saída da mangueira. Se apertar, a pressão aumenta, se afrouxar, ela diminui.

É um erro comum pensar que a pressão arterial é sempre a mesma, como se ela não saísse dos 12 por 8 ou dos 120 x 80 milímetros de mercúrio. No nosso dia-a-dia também alteramos o nosso ritmo, de acordo com as necessidades que surgem. Se enfrentamos uma situação de stress ou tomamos um banho de agua  fria, a pressão sobe. Quando descansamos, dormimos ou tomamos um banho quente, ela baixa.

 

As duas faces do stress

Quando o corpo se prepara para entrar em estado de alerta, ou seja, para enfrentar uma situação que requer maior energia, as glândulas supra renais passam a produzir grandes quantidades de uma hormona (adrenalina). A adrenalina aumenta a frequência cardíaca, aumenta a pressão arterial e diminui a irrigação da pele, daí a palidez. Em consequência, aumenta o fluxo de sangue em outros órgãos vitais do organismo como o coração, o cérebro e os músculos. O fígado converte gordura armazenada em açúcar, garantindo maior quantidade de energia. Este stress é chamado fisiológico, necessário para o organismo e considerado saudável.

Sem ele o atleta não bate recordes, não é possível de se enfrentar o dia de trabalho, não se corre nem mesmo até a esquina. No entanto, o aumento frequente de adrenalina provoca estreitamento dos vasos sanguíneos que é ainda agravado pela nicotina do cigarro. A pressão alta decorrente irá lesionar as paredes dos vasos e acelerar a formação de aterosclerose que estreita ainda mais as artérias, causando as complicações cardiovasculares.

A outra face do stress aparece quando ele se torna persistente e crónico. O desgaste orgânico decorrente provoca tensão muscular, alteração do sono, mudança de peso, queda de cabelo, problemas de pele, alergias, irritação frequente, aumento da apatia, diminuição da capacidade de concentração, aumento do consumo de cigarros e bebidas alcoólicas e diminuição da capacidade de conviver socialmente.

O stress crónico costuma ser consequente a sobrecarga de trabalho, diminuição das horas de descanso, problemas de ordem familiar, instabilidade financeira, problemas de ordem profissional, mudanças bruscas no dia-a-dia, falta de confiança na equipe com a qual se trabalha, falta de perspectiva para o futuro, falta de amigos com quem se possa desabafar e compartilhar os bons momentos.

 

Medidas preventivas

Controlar o stress faz parte das medidas necessárias para o controle da hipertensão arterial. Mudar hábitos nem sempre é fácil, no entanto, algumas dicas podem favorecer essa mudança. Como estabelecer prioridades no início do dia, organizar o tempo, dedicar uma parte dele para o lazer - nem que seja por alguns minutos, aprender a relaxar durante as actividades, praticar exercícios, efectuar as refeições de forma pousada, preferindo as verduras, frutas e legumes. Não misturar as questões de casa com as do trabalho, não lutar contra os problemas que não podem ser resolvidos de imediato. Não lutar pela posse da verdade, achando que o outro está sempre errado ou contra você.

Converse sobre os seus problemas. Escrever sobre o problema, ou sobre um determinado acontecimento traumático que lhe aconteceu, pode aliviar o desconforto emocional, da mesma maneira que o desabafo de uma boa conversa, até com o seu médico. E é claro que chorar também ajuda.

Reveja e avalie seus projectos de vida, impedindo que os mesmos provoquem mais perdas do que ganhos ao seu corpo, permita que as pessoas que lhe são caras participem desta revisão.

Sentar em frente da televisão e assistir o que se apresenta, quase sempre de natureza violenta, não ajuda a relaxar. Tomar as "milagrosas" fórmulas vitamínicas e produtos "naturais" também não controla o stress. Não há nenhuma evidência científica favorável a essa acção.

Os exercícios de respiração lenta e profunda, as técnicas de relaxamento muscular progressivo, de contagem regressiva, a técnica imaginativa, a de alongamento da cintura escapular e pescoço, não só relaxam como são capazes de baixar a hipertensão ligeira.

 

Medidas Preventivas na Hipertensão Arterial
  • Mudar o estilo de vida
  • Controlar o stress
  • Manter o peso adequado
  • Reduzir o sal da comida
  • Moderar o consumo de bebidas alcoólicas
  • Praticar exercícios físicos aeróbicos
  • Parar de fumar
  • Tomar o medicamento anti-hipertensor indicado pelo médico mesmo que não esteja sentindo nada

A idade é um factor de risco que não se pode modificar, quanto maior a idade, maior o número de hipertensos. Assim, como não se modifica, o factor hereditário, o risco dos filhos de pais hipertensos desenvolverem a doença é de 50%, contra o risco dos filhos de pais não hipertensos que é de 10%. Outro factor de risco não modificável é a gravidez, durante a gestação as mulheres tem maior possibilidade de desenvolver pressão alta.

Leite desnatado (magro), hortaliças, vegetais, frutas, grãos, óleos não saturados como o de oliva, milho, girassol e soja são ingredientes essenciais para prevenir as complicações da hipertensão, como também são fontes de sais minerais, como magnésio e o potássio, que auxiliam no controle da pressão arterial. O uso desses alimentos associados ao exercício físico também auxiliam no controle de peso, reduzindo o risco da doença que é muito maior nos obesos.

Procure limitar a ingestão de bebidas alcoólicas. Evite tomar no mesmo dia mais de duas doses. O álcool aumenta a descarga do sistema nervoso, provocando maior constrição dos vasos arteriais.

Diminua gradualmente o uso do sal nos alimentos para habituar o seu paladar. É um hábito comum usar o saleiro antes mesmo de provar o sabor do alimento. O sal retém água no organismo, aumenta a quantidade de sangue circulante, elevando a pressão. Além disso, uma boa parte das pessoas hipertensas são especialmente sensíveis ao sal.

 

Actividade Física

O exercício físico reduz a ansiedade, a tensão muscular, ajuda no controle da pressão alta e, principalmente, reduz os riscos de suas complicações cardiovasculares. No lidar de uma situação de stress psicológico quem faz exercícios regulares responde com menor aumento da pressão e da frequência cardíaca do que quem não faz.

O programa de actividade física deve estar associado a dieta adequada, podendo ser realizado junto com amigos para se tornar mais agradável. Deve sempre ser tentado por seis meses antes de se entrar com medicação anti-hipertensiva, nos casos onde a hipertensão é ligeira.

Os exercícios mais indicados são os aeróbios, que utilizam grandes quantidades de oxigénio, colocam em acção grandes grupos musculares. São realizados de forma cíclica, com baixa intensidade e por tempo prolongado. São exemplos de exercícios aeróbios: A corrida, a dança, a caminhada, a natação, o andar de bicicleta, entre outros.

Não há idade para se começar, mesmo que você tenha sido sedentário por toda a vida. Nunca é demasiado tarde para se aproveitar dos benefícios do exercício.

Para saber sua condição física actual, antes de começar qualquer tipo de actividade, é necessário um exame clínico, no qual o médico verificará as condições de saúde para a prática de exercícios. Você poderá aprender como avaliar a sua capacidade física, verificando a frequência cardíaca várias vezes durante o exercício, pois se estiver abaixo ou acima do que lhe foi recomendado, o exercício pode estar sendo insuficiente ou demasiado para a sua necessidade. O intervalo de frequência mínima e máxima encontra-se exemplificado na tabela seguinte.

 

Frequência cardíaca e exercício aeróbio

A frequência cardíaca pode ser calculada através do teste ergométrico ou estimada por tabela. Se possível, faça o teste que é mais preciso no cálculo, bem como avalia de forma completa os diversos órgãos e sistemas corpóreos envolvidos com a capacidade física.

Os exercícios deverão ser realizados de 3 a 4 vezes por semana, durante 30 a 50 minutos. Fazer só no fim de semana pode ser ainda pior que não fazer, pois não condiciona e propicia o surgimento de lesões musculares.

É importante que antes de parar, a intensidade do exercício seja diminuída de forma gradual, por aproximadamente 5 minutos, bem como os músculos que foram mais intensamente utilizados sejam alongados. Para aliviar as tensões também aconselha-se alongamentos de coluna cervical e lombar. Estas orientações podem ser obtidas através de livros ou de profissionais especializados.

 

Vida normal desde que controlada

Todos sabemos como é difícil tomar remédio todos os dias, se não sentimos as manifestações (sintomas) da doença. É comum o abandono do tratamento por conta própria, pensando que o problema já está resolvido. Também sabemos que as receitas de bolo só funcionam bem se o cozinheiro estiver disposto a seguí-la. Quando se troca o sal pelo açúcar, ou a quantidade de farinha pela de fermento, com certeza o bolo ficará prejudicado. Com o nosso organismo não é muito diferente.

Se você tem hipertensão e conhece a receita para tratá-la, saiba que qualquer mudança que faça, sem orientação adequada, pode acarretar perdas irreparáveis, que não se comparam a simples mudança de gosto ou aparência de um bolo que saiu errado.

 

Erros comuns que as pessoas cometem
  1. Ter pressão baixa é tão prejudicial como ter pressão alta.
  2. Achar que assistir televisão é bom para relaxar.
  3. Vitaminas e medicamentos naturais "milagrosos" evitam o stress.
  4. Usar o saleiro antes de provar o alimento.
  5. Se achar velho para começar a fazer exercícios.
  6. Ser "atleta" somente nos finais de semana.
  7. Não aceitar o uso de medicamento indicado para baixar a hipertensão por que nada sente.
  8. Achar que o medicamento para a pressão causa impotência.
  9. Abandonar o tratamento porque a pressão abaixou.

A vida do hipertenso é normal desde que controlada. É um erro comum dos homens não aceitar o tratamento medicamentoso da hipertensão pensando que o seu desempenho sexual será prejudicado. Controlar a pressão arterial não irá limitar a vida de ninguém. Muito pelo contrário, é um investimento no futuro, que deveria ser visto com a mesma preocupação que as pessoas tem em garantir suas aposentadorias. Significa qualidade de vida no futuro.

A HIPERTENSÃO É A 1ª CAUSA DE MORTE EM PORTUGAL

 

 

 

 

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